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“Os navios chegam a Ilhéus carregados de mulheres. Mulheres que vêm da Bahia, de Aracaju, o mulherio todo de Recife, mesmo do Rio de Janeiro. Os gordos coronéis olham das pontes a chegada das mulheres. 

“Os navios chegam a Ilhéus carregados de mulheres. Mulheres que vêm da Bahia, de Aracaju, o mulherio todo de Recife, mesmo do Rio de Janeiro. Os gordos coronéis olham das pontes a chegada das mulheres. Morenas, loiras, mulatas, vêm em busca deles. Porque a notícia da alta do cacau correu pelo país todo. A notícia de que numa cidade relativamente pequena como Ilhéus estavam abertos quatro cabarés. Que os coronéis queimavam nas noites de jogo de champanha notas de quinhentos mil réis. Que pela madrugada saíam nus pelas ruas da cidade formando o chamado terno do Y. A notícia corria pelas ruas de mulheres perdidas. Os caixeiros-viajantes levavam a notícia. O cabaré da Brama, em Aracaju, ficou despovoado de mulheres. Foram para o El-Dorado, cabaré de Ilhéus”.

Com o texto “Na rabada de um trem”, do livro Capitães da Areia, a cantora baiana Ivete Sangalo marca sua presença na casa de número 33 da Rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, onde viveu o casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. A Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai será aberta ao público na sexta-feira (07), às 15h, depois de 11 anos fechada, graças ao empenho da Prefeitura de Salvador e o apoio da Fundação Casa de Jorge Amado e da família do casal de escritores. Pela primeira vez, o imóvel será aberta para visitação, revelando a intimidade do casal e exaltando o valor cultural das obras do escritor baiano.

Ivete integra um conjunto de 41 leituras em vídeo que serão expostas no espaço “Sala das Leituras”, ao lado da biblioteca, em uma tela de cinema. No total, são mais de dez horas de vídeos e projeções, contando também com depoimentos de personalidades, amigos e familiares do casal. Entre as pessoas que fizeram leituras de trechos das obras de Jorge Amado estão nomes como Caetano Veloso, Regina Casé, Daniela Mercury, Sônia Braga, Mariana Ximenez, Marisa Orth, Mateus Solano, Paloma Amado, Milton Gonçalves e Paulinho da Viola. “Nessas leituras fica evidente a atemporalidade de Jorge Amado, um escritor à frente do seu tempo e que era popular porque sempre retratou o povo”, afirmou o curador da casa, Gringo Cardia, arquiteto e cenógrafo responsável pela implantação de museus como o da Cruz Vermelha, na Suíça.

A solenidade de abertura do espaço, comandada pelo prefeito ACM Neto, vai contar com a presença especial da atriz Sônia Braga, que viveu na telona a inesquecível Gabriela, personagem ainda vibrante no imaginário masculino. Também estarão presentes pessoas que contribuíram de forma decisiva para a abertura do imóvel onde foram escritos alguns dos romances mais lidos no planeta, como o presidente do Conselho da Fundação Casa de Jorge Amado, Artur Guimarães Sampaio, e a diretora da instituição, Myriam Fraga; o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), economista e doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Paulo Miguez, que coordenou a equipe de pesquisadores.

Investimento – A Prefeitura investiu R$6 milhões, entre recursos públicos e privados, para reformar a Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai. A expectativa é receber até 10 mil visitantes por mês e 30 mil na alta estação. A ideia é que a casa seja autossustentável e, para isso, será cobrada uma taxa de visitação no valor de R$20 a inteira. Professores do ensino fundamental e médio terão acesso gratuito, bem como estudantes de escolas públicas municipais e estaduais que visitem o espaço com agendamento. Estudantes universitários e idosos pagarão meia entrada e crianças de até 5 anos estão isentas da taxa.

Comprada em 1960 com dinheiro da venda dos direitos do livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para a MGM, a casa mais tarde se transformou no título do livro de Zélia Gattai publicado em 2002 contando a história vivida pelo casal quando residiu no imóvel. No local, os escritores receberam visitas ilustres, como Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre e Simone de Beauvoir. Toda essa riqueza é contada nos diversos ambientes da casa, com seus mais de mil metros quadrados, incluindo o jardim onde as cinzas de Jorge e Zélia estão depositadas.

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