Podcasts - Especial 2 de Julho

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Maria Quitéria fez questão de usar uma saia por cima do uniforme de soldado durante a maior parte das batalhas pelo 2 de Julho para mostrar para todo mundo: sou mulher e estou, sim, no batalhão voluntário. João das Botas era um português militar de carreira que, na hora H, ficou do lado brasileiro e armou pequenos saveiros da Ilha de Itaparica para enfrentar os gigantescos barcos portugueses.

Os dois são a prova de que, para se vencer a luta contra a tirania e o abuso, é preciso ter muita coragem, desafiando limites e regras. Maria Quitéria representa milhares de baianos voluntários que se alistaram para lutar pela independência. No caso dela, como mulher, fazer parte do exército era um crime. João das Botas é a representação de que muitos portugueses com carreira militar ficaram do lado dos brasileiros no momento da ruptura.

O que os feitos desses heróis representam ainda hoje para os baianos? Esse é o ponto de partida para o 3º episódio do podcast Quem Fez o 2 de Julho, produzido pela Prefeitura de Salvador em celebração aos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia. No primeiro capítulo, lançado na última sexta-feira (30), o tema foi o simbolismo do Caboclo e da Cabocla. No segundo, lançado na segunda-feira (3), conhecemos as histórias de Maria Felipa e de Joana Angélica.

Maria Quitéria e João das Botas: heróis da Bahia com histórias que valeriam roteiro de seriado. Ouça o 3º episódio do Quem Fez o 2 de Julho

No Spotify: https://open.spotify.com/show/0M8MM5Zawf4BcYcsExQMK2?si=652e7d0d04fe4375 

A série em podcast terá quatro episódios, lançados no Spotify e em todas as demais plataformas de áudio, como Google Podcasts, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer, dentre outras. Além disso, será publicado também no YouTube. O primeiro capítulo foi ao ar na última sexta-feira (30). Os próximos dois serão publicados nos dias 5 e 7 de julho.

Todo o conteúdo do Quem Fez o 2 de Julho ficará hospedado nos sites da Prefeitura de Salvador. Além dos portais da Secom - https://comunicacao.salvador.ba.gov.br/ - e da Agência de Notícias - http://agenciadenoticias.salvador.ba.gov.br/ -, o material será publicado no site Salvador da Bahia - https://www.salvadordabahia.com/ -, que é a grande vitrine para o mundo sobre a história da capital baiana e da própria Bahia.

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O ano era 1822. A província da Bahia estava mergulhada em uma guerra intensa, com uma profunda participação popular que atuava diretamente nas batalhas pela consolidação da Independência. As ruas de Salvador e as vilas do Recôncavo testemunharam confrontos entre tropas portuguesas, o Exército Pacificador ligado a D. Pedro I, grupos de voluntários e o povo.

Surra de cansanção, fogo nos barcos, trincheiras e mais feitos heroicos de Maria Felipa: ouça o 2º episódio do podcast especial Quem Fez o 2 de Julho


Em meio a esse cenário de luta, a Ilha de Itaparica, então conhecida como Arraial da Ponta das Baleias, tornou-se um ponto estratégico para os brasileiros que se opunham ao domínio português. Foi nesse contexto que Maria Felipa de Oliveira, uma suposta líder estrategista, desempenhou um papel significativo.

Conta-se que Maria Felipa era frequentemente avistada navegando pelo Rio Paraguaçu em direção à Ilha de Itaparica, acompanhada por suas companheiras. Armadas com peixeiras, elas vigiavam e forneciam suprimentos aos batalhões que defendiam a Independência.

Maria Felipa se destacou como uma figura importante na resistência de Itaparica. Além de utilizar seu conhecimento sobre as águas e florestas da região para abastecer aqueles que combatiam as tropas portuguesas, Maria Felipa também teria organizado trincheiras na ilha e liderado o incêndio de navios portugueses.

Felipa era a líder de um grupo de mulheres conhecido como vedetas. Em um episódio notório, elas infligiram uma surra nos soldados portugueses usando cansanção, uma planta urticante que causa queimaduras dolorosas. Enquanto a história oficial da Independência enfatizava o heroísmo de D. Pedro I e a atuação das elites do Rio de Janeiro, histórias como a de Maria Felipa sobreviveram através da memória popular.

No entanto, vale frisar, existem poucos documentos que possam confirmar os detalhes da vida dela. Como há poucos documentos sobre Maria Felipa, a existência dela é por vezes questionada. De acordo com o historiador Murilo Mello, algumas histórias sobre Maria Felipa foram compiladas pelo escritor itaparicano Ubaldo Osório. “A gente carece de uma fonte mais fidedigna ou de mais fontes, não que a de Ubaldo não seja, mas a gente precisa de uma documentação mais vasta para poder comprovar a existência de Maria Felipa”, defende Mello.

“Mas independentemente de ela ter existido ou não, a gente teve várias Marias Felipas’. Tivemos várias personagens parecidas. Marisqueiras e pescadoras que contribuíram direta e indiretamente nas lutas que estavam se processando pela Independência da Bahia”, ressaltou o professor de história.

Segundo ele, a Ilha de Itaparica sempre foi muito desejada por Portugal, por estar 'na porta da Baía de Todos os Santos'. "Por ela ser tão importante estrategicamente no campo militar, Portugal sempre quis tomar de assalto aquele sítio. Pessoas participaram diretamente com poder aquisitivo da luta trazendo armamento, e pessoas sem poder aquisitivo também fizeram parte e foram importantíssimas nessas batalhas, tanto impedindo o acesso e a tomada de Portugal da ilha, como impedindo também da parte continental”, relata.

Ainda segundo ele, o “imaginário soteropolitano em cada período constrói uma narrativa sobre a história e sobre os personagens históricos”. “O tempo vai passando e as narrativas vão se alterando conforme o tempo, conforme as necessidades e as leituras. Então, hoje a visão que temos sobre Maria Felipa é que ela liderou as marisqueiras, pessoas com menor poder aquisitivo, e elas atraíram portugueses para a praia. Muitas dessas narrativas, que são orais, afirmam que elas atraíram os portugueses com cunho talvez sexual, e quando os soldados se encontravam de uma maneira facilmente de ser abatidos, elas deram uma surra de cansanção neles”, conta.

“Há personagens com outros nomes que tiveram feitos e uma importância fundamental nas batalhas. Pessoas que não entraram nos livros de história, que não são lembradas na historiografia, não são lembradas pelo imaginário popular, mas participaram direta e indiretamente, dando apoio moral aos soldados, alimentando os soldados. Em uma batalha não somente se participa da batalha com tiro ou com bala, tem várias participações dentro de um confronto militar”, ressalta.

Murilo Mello descreve que a Independência do Brasil na Bahia ainda é uma celebração regional, especificamente da Bahia, mas observou que tem se tornado cada vez mais um “símbolo nacional”.

Monumento – Em maio deste ano, a Prefeitura de Salvador anunciou a programação especial em comemoração aos 200 anos de Independência do Brasil na Bahia, que terá como tema “Salve nossa terra, Salve o Caboclo”. Um dos pontos altos da celebração deste ano será a inauguração de um monumento dedicado a Maria Felipa, localizado na Praça Cairu, no Comércio. Além disso, será realizada a entrega do novo Largo da Lapinha e do Memorial ao Dois de Julho.

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Reportagem: Mateus Soares / Secom PMS

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As figuras do Caboclo e da Cabocla, ícones da celebração pelo 2 de Julho, estão enraizadas no imaginário popular dos baianos. Levados no desfile em um carro alegórico que faz alusão aos veículos de transporte de canhões durante a guerra, destacando sempre as cores verde e amarelo remetendo à nação, as figuras são símbolos que permeiam variadas histórias que remontam o período da Independência do Brasil na Bahia. Neste ano, em que se comemora o bicentenário do 2 de Julho, a programação especial da festa na capital baiana traz como tema “Salve nossa terra, Salve o Caboclo”.

O que os Caboclos representam? Como eles foram parar no cortejo do 2 de Julho? Ouça o 1º episódio do podcast especial Quem Fez o 2 de Julho


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De acordo com o professor de História da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Milton Moura, não é possível precisar em que ano as imagens dos caboclos surgiram como elementos do cortejo. Elas aparecem no desfile como representação do povo brasileiro, que lutou bravamente para consolidar a Independência do país. “Em 1824, já vemos o cortejo de comemoração ao 2 de Julho. Não sabemos exatamente quando a atual imagem do Caboclo foi criada, mas surge com certeza nesta mesma década e, uns 20 anos depois, vem a imagem da Cabocla”, afirma.


A tradição surgiu em 1824, quando veteranos das batalhas de independência se juntaram e desfilaram da Lapinha ao Terreiro de Jesus. A ideia era repetir o trajeto que fizeram um ano antes, ao entrarem vitoriosos em Salvador após a expulsão do exército português. Nos primeiros cortejos, eles seguiram uma antiga carroça que antes levava os canhões do inimigo, e que provavelmente estava em posse dos baianos como um troféu de guerra.

O detalhe é que, em cima daquela carroça dos primeiros desfiles, aparecia uma pessoa, um homem de etnia indígena. Ele usava trajes habitualmente associados aos indígenas e tinha ao seu redor ornamentos feitos com folhas e frutas. Ou seja: estava ali representada a imagem do Caboclo.

Mas, como o Caboclo foi parar ali? A imagem já estava presente há séculos na cultura e na religião dos baianos, justamente como uma figura de culto e de celebração. A tradição vem, sobretudo, do chamado Candomblé de Caboclo, no qual figuras indígenas também são adoradas, numa demonstração de respeito aos donos da terra, ou seja, aos ancestrais que aqui viviam muito antes da chegada dos escravizados e dos portugueses.

A escolha das figuras para representar os baianos, explica o professor, foi pautada no contexto social da época. Isto porque a figura do homem branco não podia ser exaltada por ser associada aos portugueses. O negro também não poderia ser escolhido para representar o povo porque, na época, carregava o estigma do escravismo. No impasse, foi escolhida a figura dos povos indígenas para materializar a plástica dos brasileiros nas imagens.  

“Eles desfilam em cima de um dragão ou serpente representando que são vencedores, que derrotaram o opressor. A algazarra que se produzia e o sentimento de júbilo e glória com a passagem dos caboclos pelas ruas centrais é a glorificação de um tipo humano que pudesse arrematar todos nós”, pontua o professor.

Carro alegórico - O carro que transporta as figuras, destacou o artista plástico e professor da Escola de Belas-Artes da Ufba José Dirson Argolo, é todo carregado de simbolismos. Ambos os lados possuem gravados bacamartes e baionetas originais da guerra, anjos anunciado a vitória e cornucópias que remetem a prosperidade. Ao se conceber esse carro, foram aproveitadas no projeto rodas das antigas carroças que levavam os canhões inimigos para a guerra. Essas rodas ainda são usadas hoje.

Com base em suas pesquisas sobre os eventos históricos, Argolo, que é escolhido pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) para realizar anualmente o serviço de preservação das imagens, acredita que o surgimento da Cabocla ocorreu em 1846. Ele explica que a peça foi criada a pedido do Marechal Andréa, autoridade da época no Estado, e que acreditava que o Caboclo não deveria desfilar por demonstrar ódio de brasileiros por portugueses. Nesse contexto, foi encomendada a Domingos Pereira Baião uma escultura que representasse Catarina Paraguaçu. Porém, quando a obra ficou pronta, o povo não aceitou que o Caboclo fosse deixado de lado. Então, estima-se que, a partir deste ano, a Cabocla ganhou sua própria carruagem e passou a integrar o desfile.

“Para muitos, a Cabocla representa a liberdade. Ela é, além de Catarina Paraguaçu, todas as heroínas baianas, como Maria Felipa, Quitéria, Joana Angélica e todas as mulheres que batalharam pela Independência. Essa é uma festa que nasce do povo e acredito que a participação popular é o que há de mais importante no 2 de Julho”, afirma.

Ao mesmo tempo, como destacou o restaurador, os caboclos também são considerados divindades. Todos os anos, eles recebem presentes, flores e até mesmo bilhetes com pedidos de graça ou agradecimento. “Nestes 25 anos trabalhando na restauração das imagens, constantemente chegam pessoas implorando para chegar perto dos caboclos. Acho isso muito bonito e acredito que faz parte de nossa história”, salienta.

Homenagem - Na Praça 2 de Julho (Largo do Campo Grande), baianos e turistas podem apreciar ainda um outro marco da Independência do Brasil na Bahia: o Monumento ao 2 de Julho. Inaugurada em 1895, a obra é um pedestal de mármore de carrara, formada por dois corpos e escadarias do mesmo material.

Assentado sobre o pedestal uma coluna de bronze e, em cima, a figura de um índio com pouco mais de 4 metros de altura. Armado com uma lança, ele aparece matando uma serpente, imagem que representa o povo brasileiro vencendo o opressor. No total, o monumento mede 25 metros, contando com alegorias, símbolos e quadros em relevo que representam batalhas e nomes dos heróis que trabalharam pela independência do Brasil na Bahia.

Reportagem: Joice Pinho / Secom PMS

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Heroína improvável, a abadessa Joana Angélica de Jesus perdeu sua vida aos 60 anos de idade ao tentar impedir, no dia 19 de fevereiro de 1822, que soldados portugueses invadissem o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em Salvador. Por ter ocorrido dentro de um território religioso e contra uma mulher indefesa, o crime chocou a capital baiana e despertou todo um movimento de insatisfação que culminaria, dali a um ano e meio, na consolidação da Independência do Brasil em solo baiano.

A morte dela fez os baianos dizerem “chega”! A importância da mártir Joana Angélica para a independência: ouça o 2º episódio do podcast especial Quem Fez o 2 de Julho


Dos pontos considerados vitais para a virada de chave da resistência dos baianos contra a força militar portuguesa, até então hegemônica na província naquele início de 1822, o assassinato da sóror Joana Angélica foi o passo sem retorno, o estopim da revolta. Uma virada de chave que mexeu com o brio dos baianos, que partiram para a guerra.

De acordo com o historiador Rafael Dantas, naquele contexto dos anos de 1821 e 1822, diversas turbulências brotaram das imposições de Portugal à Bahia que, aos poucos, tentava rebaixar a autonomia que o Brasil conquistou ao longo do Século XIX, principalmente a partir da chegada da família real, em 1808, e ainda mais quando, em 1815, o Brasil virou reino unido a Portugal. Por conta disso, para as cortes portuguesas, era inconcebível perder o domínio na Bahia.

O historiador explica que é justamente nesse processo que soldados representando Portugal começam a procurar na cidade de Salvador pessoas que representassem uma ameaça à ordem portuguesa. "E nesse contexto acabam invadindo o Convento da Lapa, que era uma das construções mais importantes da cidade. Eles adentraram esse espaço do convento, passaram pela porta de entrada, pela morada além dos arcos, quando a própria abadessa impede a entrada dos soldados que queriam invadir o claustro em busca de supostas pessoas escondidas”, diz.

É nesse episódio que Joana Angélica é morta, golpeada por uma baioneta - uma espécie de lança com uma faca na frente da arma -, e acaba morrendo no dia seguinte. Então, ela se torna uma heroína por defender os seus ideais religiosos e por ser representante daquele convento, sendo adotada pelas forças contrárias ao jugo português como a primeira mártir daquela insurreição.

Antes do martírio - Joana Angélica era mais uma mulher naquele contexto do início do Século XIX, onde o papel feminino era delimitado pelos padrões do período. A freira vinha de uma família tradicional, onde as mulheres eram educadas e criadas para ficar em casa e casar, ou destinadas a ter uma vida religiosa. Tanto no Recôncavo, em cidades como Cachoeira, Santo Amaro, como na cidade do Salvador, havia conventos que eram símbolos desse período e costumes, a exemplo do próprio Convento da Lapa e de Santa Clara do Desterro, em Nazaré.

Joana nasceu em dezembro de 1761 e, antes da maioridade, acabou indo para o Convento da Lapa, onde iniciou uma carreira ligada à vida religiosa, até entrar para história como a abadessa que enfrentou o exército português. Após fevereiro de 1822, quando acontece o ataque, ocorre a perpetuação da memória de Joana Angélica.

"O que representa a morte de uma religiosa em 1822? Mostra que os portugueses estavam dispostos a tudo. O que tinha de espaço mais sagrado em Salvador naquele contexto eram as igrejas e os conventos. Pense, se o general autorizou a entrada de soldados em um convento, onde homens não entram, imagine o que pode fazer em outras casas da cidade. Então, quando a notícia da morte se alastrou para além dos muros da Lapa, a cidade entrou em crise, o pânico se instalou, e todos ficaram preocupados, pensando que poderiam também serem vitimados ou terem suas casas invadidas como naquele episódio no Convento da Lapa”, justifica o professor Rafael Dantas.

Repercussão - Nessa mesma semana, muitas famílias deixam Salvador rumo ao Recôncavo, o que era muito comum e possível naquele contexto, devido ao cenário açucareiro, então principal produto de exportação ao lado do fumo. “Não podemos esquecer que estamos falando de uma sociedade do Século XIX, em que muitas famílias que tinham suas casas aqui iam para o Recôncavo, para os seus engenhos, para suas casas de campo e ficavam lá. Isso valia também para quem tinha família no interior, e acabava saindo de Salvador por conta desse medo do que poderia acontecer”, conta o historiador.

“Isso vai se tornar cada vez mais latente, e quando observamos a escalada dos próximos meses de 1822, onde houve o acirramento das disputas entre baianos e portugueses, especialmente quando a cidade de Cachoeira, no dia 25 de junho, realiza o ato ousado e protagonista de aclamar Pedro I como defensor perpétuo do Brasil. Isso acaba acirrando as tensões iniciadas com a morte de Joana Angélica”, emenda Rafael Dantas.

A morte de Joana Angélica, portanto, iniciou esse repertório de acontecimentos importantíssimos para a compreensão do processo de Independência. Casos que não são isolados, mas um encadeamento de ações que motivaria, naquele período, a adesão de voluntários do Recôncavo, de Salvador e do sertão, por exemplo.

“O que despertou a independência na Bahia não foi o feito de um bravo soldado, nem de um homem da elite baiana. Foi, na verdade, o martírio de uma religiosa, uma mulher que não necessariamente faria parte de uma história tradicional daquele período. Ela se destacou nesse momento, enfrentando os soldados portugueses”, destaca o historiador.

Panteão - Dantas explica que a Bahia foi responsável por destinar ao Brasil uma série de heróis que vão além do conjunto de personagens tradicionais brasileiros, como imperadores e generais. A partir do 2 de Julho, o Brasil passou a contar também com heroínas, mulheres como Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa que, por sua vez, despertam novos interesses, principalmente nas últimas décadas, ressaltando a importância e o protagonismo das mulheres na historiografia brasileira, em especial pelo número incontável de mulheres que participaram do processo de Independência, e que ainda continuam anônimas.

“Joana Angélica e as demais heroínas representam outros tantos agentes que começaram a ser revelados e que também traduzem o que significa a Independência do Brasil na Bahia. Por isso, falar da Independência é destacar especialmente a participação e a manifestação das pessoas comuns porque, para além de ser um movimento que causava a insatisfação por parte das elites econômicas e sociais políticas da Bahia contrárias aos portugueses, temos algo que despertou na população a ânsia por liberdade, melhorias e por uma mudança no quadro social baiano daquele contexto. E é justamente aí que entra o povo nesse processo. E a morte de Joana Angélica inaugura esse repertório de agentes e personagens que são importantes para ilustrar todo o contexto do Século XIX, onde a Bahia foi protagonista nas guerras pela Independência”, disse.

Simbolismo - Entre 1822 e 1823, outros tantos baianos habitantes de Cachoeira, Santo Amaro, do sertão e arredores de Salvador foram penalizados pelos atos de guerra. Neste período, ocorreram diversas mortes durante o processo de insurreição. O assassinato de Joana Angélica, a atuação de Maria Quitéria e a provável ação de Maria Felipa evidenciam a participação de personagens anônimos, não evidenciados ou silenciados ao longo do tempo, e que retratam a participação popular na cidade de Salvador e nos outros lugares que também foram cenários do conflito.

“Se em um convento aconteceu essa tragédia, imagine nas matas que rodeavam Salvador nessa época. Tomemos como exemplo as mortes que aconteceram na Batalha de Pirajá, no final de 1822, que até hoje não têm um número que seja consenso, ou sequer uma estimativa de mortes. Mas, é certo que muitas pessoas morreram nesse momento, ou nas semanas e meses subsequentes”, explica Dantas.

Memória - Em 1923, na comemoração dos 100 anos da Independência do Brasil na Bahia, a via que liga a região da Piedade ao bairro de Nazaré, passou a se chamar Avenida Joana Angélica.

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Reportagem: Eduardo Santos / Secom PMS

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Maria Felipa - mulher, negra, escrava liberta - usou da sabedoria ancestral para resistir às tentativas dos portugueses de dominar a Ilha de Itaparica, onde ela morava. Numa ação das mais conhecidas, aplicou uma surra de cansanção nos inimigos. Joana Angélica - freira, já aos 60 anos - foi morta a sangue frio pelos soldados quando tentava impedir a invasão do Convento da Lapa, do qual era madre superiora.

Muito além das suas próprias histórias, Maria Felipa e Joana Angélica representam outras milhares de mulheres que resistiram à violência imposta pelos portugueses há 200 anos na Bahia. Tanto aquelas que lutaram com o que tinham às mãos - desde galhos de cansanção até enxadas - como também pessoas inocentes que acabaram vítimas da tirania.

O que os feitos dessas mulheres representam ainda hoje para os baianos? Esse é o ponto de partida para o 2º episódio do podcast Quem Fez o 2 de Julho, produzido pela Prefeitura de Salvador em celebração aos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia. No primeiro capítulo, lançado na última sexta-feira (30), o tema foi o simbolismo do Caboclo e da Cabocla.

Surra de cansanção e martírio: Maria Felipa e Joana Angélica representam a resistência feminina à violência. Ouça o 2º episódio do Quem Fez o 2 de Julho


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Série de quatro programas e de matérias especiais explica como heróis e heroínas representam milhares de baianos que lutaram e ficaram anônimos na história oficial

Quem fez o 2 de Julho acontecer? Foram os heróis que nós conhecemos e estudamos? Ou será que essas figuras, como os Caboclos, Maria Quitéria, Maria Felipa e Joana Angélica, representam também milhares de baianos anônimos, que lutaram de maneira voluntária e venceram os portugueses, mas que não tiveram a chance de entrar para os livros de história?

Essa é a pergunta-chave para a criação do podcast Quem Fez o 2 de Julho, produzido pela Prefeitura de Salvador para marcar os 200 anos da Independência do Brasil na Bahia, celebrados em 2023. Ao longo de quatro episódios, a série de programas, realizada pela Secretaria de Comunicação (Secom), contará, de forma leve e didática, quem são os responsáveis pela nossa liberdade. Além disso, o especial traz um conjunto de matérias contando a história deste grande evento da capital baiana.

O que os Caboclos representam? Como eles foram parar no cortejo do 2 de Julho? Ouça o 1º episódio do podcast especial Quem Fez o 2 de Julho


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Por exemplo: a imagem de Maria Quitéria fala apenas sobre ela? Será que ela não representa, também, centenas de mulheres que lutaram nas batalhas? Será que ela, ao mesmo tempo, não é um símbolo de milhares de voluntários que se alistaram ao chamado Exército Libertador? E Joana Angélica? Não seria ela o ícone de inúmeros mortos, todos vítimas da violência provocada pelo colonizador?

Os quatro episódios do podcast serão lançados no Spotify e em todas as demais plataformas de áudio, como Google Podcasts, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer, dentre outras. Além disso, será publicado também no YouTube. O primeiro capítulo foi ao ar nesta sexta-feira (30). Os próximos três serão publicados nos dias 3, 5 e 7 de julho.

“A nossa ideia é publicar um conteúdo mais leve e descontraído, num formato de áudio que tem tudo a ver com a atualidade da comunicação, contando a história dos nossos heróis e heroínas. Porém, a partir de ícones como Maria Quitéria, Maria Felipa e os Caboclos, nós podemos, também, lembrar que milhares de baianos menos conhecidos contribuíram para a nossa liberdade, do jeito que eles puderam”, explica a secretária de Comunicação, Renata Vidal, sobre o projeto.

Matérias - O especial Quem Fez o 2 de Julho traz ainda uma série de matérias. São 13 textos apresentando personagens e explicando como surgiram tradições da celebração da Independência do Brasil na Bahia, como o trajeto da Lapinha ao Terreiro de Jesus; o cortejo do Fogo Simbólico, que em 2023 ganha um segundo roteiro, vindo do Recôncavo Norte; o processo de restauração inédito realizado nas imagens do Caboclo e da Cabocla para os 200 anos; e a história do próprio Pavilhão da Lapinha, onde eles estão guardados.

Todo o conteúdo do Quem Fez o 2 de Julho ficará hospedado nos sites da Prefeitura de Salvador. Além dos portais da Secom - https://comunicacao.salvador.ba.gov.br/ - e da Agência de Notícias - http://agenciadenoticias.salvador.ba.gov.br/ -, o material será publicado no site Salvador da Bahia - https://www.salvadordabahia.com/ -, que é a grande vitrine para o mundo sobre a história da capital baiana e da própria Bahia.

“Outro objetivo é que esse rico material fique compilado nos sites da Prefeitura de Salvador para a posteridade. Vamos colocar isso à disposição de todo mundo que ama Salvador: tanto os milhões de soteropolitanos e baianos, como também os que querem nos visitar como turistas para viver essa história de perto”, completa Renata Vidal.

ONDE OUVIR O PODCAST QUEM FEZ O 2 DE JULHO:

Spotify:
https://open.spotify.com/show/0M8MM5Zawf4BcYcsExQMK2?si=f8388655d4dd4a8f

Agência de Notícias:
http://agenciadenoticias.salvador.ba.gov.br/index.php/pt-br/podcasts

YouTube:
https://www.youtube.com/@PrefSalvador/videos

Deezer:
https://deezer.page.link/arNULUVUxSia1FVb8

Apple Podcasts:
https://podcasts.apple.com/us/podcast/caboclo-e-cabocla-s%C3%ADmbolos-do-povo-baiano-e-divindades/id1695147486?i=1000618885251

Amazon Music:
https://music.amazon.com.br/podcasts/2e6b553c-038d-42bc-82d9-f04de3ab0463/quem-fez-o-2-de-julho

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