Um encontro para discutir ações e políticas públicas que visam dar continuidade à redução de acidentes de trânsito em Salvador. Foi esse o objetivo do Fórum Vida no Trânsito: Caminhos e Desafios, realizado nesta quarta-feira (19), no Hotel Fiesta, no Itaigara. O evento contou com a presença de especialistas das áreas da educação, segurança, engenharia do tráfego, saúde, tecnologia e de órgãos de trânsito.
Durante as boas-vindas e abertura da programação, o titular da Transalvador, Fabrizzio Muller, lembrou que o número de mortes por ocorrências nas vias da capital baiana caiu 51%, entre 2012 e 2017, superando a meta da ONU para o período. No entanto, apesar dos índices positivos, a meta é seguir avançando.
“Trânsito hoje é um fator que preocupa o mundo inteiro: são 1.250 milhão de mortos por ano e mais de 50 milhões de pessoas com sequelas em decorrência dos acidentes. Trata-se de uma epidemia, um problema de saúde pública. Embora Salvador venha se destacando na redução de acidentes, entendemos que precisamos evoluir", disse Muller.
Infraestrutura – Na primeira palestra do dia, o consultor em Segurança Viária da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS Brasil), Victor Pavarino, abordou sobre como o desenho urbano e infraestrutura de um município podem contribuir fortemente para a redução de mortes e lesões decorrentes de ocorrências envolvendo veículos. “Uma via que possui uma estrutura superdimensionada convida à velocidade. Se uma curva tem raio semelhante ao de um autódromo, é difícil, simplesmente pela educação ou fiscalização regular, que um motorista de um veículo não corra”, disse ele.
Logo, acrescentou Pavarino, faz-se necessário que o desenho urbano das pistas implique ao condutor a redução de velocidade: um exemplo é implantação da faixa de travessia elevada. “Essa estrutura, de certa forma, está indicando ao carro que ali é lugar de pedestre. Outra coisa é ‘quebrar’ uma reta com um desvio. Necessariamente a pessoa ao volante vai reduzir a velocidade do veículo, independente de fiscalização ou educação porque o ambiente demanda tal ação”, ilustrou.
Reconhecimento e alerta – A consultora técnica da área de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde, Cheila Lima, também foi uma das convidadas. Ela discorreu sobre a criação do Projeto Vida no Trânsito no país e aproveitou para elogiar os resultados alcançados pela capital baiana nos últimos anos.
“Vimos Salvador fazer a diferença na infraestrutura e no comportamento, ocupando as principais manchetes do Brasil. Isso foi possível porque a gestão colocou isso como prioridade, mostrando para o resto do país que é possível colocar e permanecer isso na agenda prioritária de governo. Que é possível enfrentar a violência no trânsito, mesmo com redução de financiamentos”, destacou Cheila.
Ela complementou ainda que a sociedade precisa entender que a cidade é para as pessoas e não para os veículos. “Estes são meios utilizados para transitarmos, e quanto mais veículos, mais precisaremos investir em politicas públicas de transportes coletivos”, pontuou a consultora.
O Fórum Vida no Trânsito é uma iniciativa e ação conjunta de todas as instituições que compõem o Comitê Gestor do Projeto Vida no Trânsito de Salvador: secretarias municipal e estadual da Saúde, Transalvador, Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), Detran-BA, Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), polícias rodoviárias estadual (PRE) e federal (PRF), Universidade Federal da Bahia (Ufba), Samu e Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).