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“Estudar pra mim é tudo em minha vida”. A afirmação é de dona Eunice Rodrigues dos Santos, 86 anos, aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), na Escola Municipal Ulysses Guimarães, em Fazenda Grande I. Esta modalidade de Educação Básica de ensino é destinada ao público que não completou, abandonou ou não teve acesso à educação formal na idade apropriada. O Brasil tem 11 milhões de analfabetos, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – 2019, a taxa de analfabetismo para homens de 15 anos de idade ou mais foi de 6,9% e para as mulheres de 6,3%.    

A rede municipal de ensino tem, atualmente, 10.122 alunos matriculados na EJA. Desses, 1.337 têm acima de 60 anos e 28, mais de 80. A faixa etária com maior número de matriculados é a que compreende entre 50 e 59 anos, com 2.223 matrículas. A partir de 15 anos, os educandos podem ser matriculados nas escolas que ofertam a EJA.   

Sonho adiado – Dona Eunice não conseguiu estudar na idade apropriada, pois passou a infância trabalhando na roça, na cidade de Araçás, interior da Bahia. Perdeu a mãe aos 14 anos, e o cuidado com os nove irmãos menores passou a ser de sua responsabilidade. Logo veio o casamento e filhos, e o sonho de estudar foi ficando para depois.    

“Meu pai brigava muito com a minha mãe para não me matricular numa escola, ele obrigava a mim e meus irmãos a capinar, plantar, fazer farinha. Se a gente não fizesse, apanhava. Acabei de criar os irmãos, casei e tive filhos, eles cresceram e eu finalmente pude realizar meu sonho. Nunca é tarde pra quem quer aprender, me sentia incomodada de pedir ajuda para as pessoas, queria minha independência”, conta.  

Há quatro anos dona Eunice entrou para a escola e toda noite ela segue determinada para a sala de aula. E quem acha que a idade avançada a impede de fazer planos está enganado, ela já está se articulando para cursar o ensino médio.  

Ajuda dos colegas – Seu Edgard Santos, também de 86 anos, é colega de sala de dona Eunice, estudou até o 4º ano, mas teve que deixar a escola para garantir o sustento da família. Mecânico de manutenção aposentado, nunca esqueceu o quanto é importante estudar. A idade não é impedimento: ele se atualiza constantemente, tem aplicativo no celular para estudar inglês, gosta de matemática e reconhece que português é a matéria mais difícil.  

“Pra mim é um estímulo ter uma colega de sala com a mesma idade, nós estudamos juntos, tiramos as dúvidas e contamos com a ajuda dos outros colegas de sala também. Precisamos evoluir e isso acontece através do estudo. Para adquirirmos uma posição melhor na sociedade temos que estudar”, disse Santos.   

Equipe de profissionais – Encantada com a determinação dos alunos, Vera Dantas, gestora da escola, afirma que eles são muito tranquilos e dedicados. “Eles chegam cedo na escola, se entrosam com os colegas de sala, os professores falam muito bem deles, o trabalho com adulto é fascinante. Estou na rede há quase 17 anos e desde então trabalho na EJA. Com adulto, o retorno é imediato. Precisamos voltar a olhar o projeto noturno com prioridade”, destaca a gestora.  

Conforme a equipe da Coordenadoria de Formação da EJA, a modalidade apresenta expressiva presença de adolescentes no total de matriculados, com predominância de mulheres, sendo turmas formadas também com jovens, adultos, idosos e pessoas com necessidades educacionais especiais. Considera-se, que manter unidade escolar, com equipe de profissionais completa, com alimentação, segurança, fardamento, uma estrutura física adequada, fortalece a premissa de uma educação para todos e todas, cumprindo todas as legislações para um fortalecimento de aprendizados para uma sociedade com pessoas letradas, utilizando a leitura e a escrita de acordo com as demandas sociais. 

Texto: Ascom/Smed 

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